Dicas
para quem vai pegar a estrada
1.
Fotocópia
de todos os seus documentos, incluindo seguros e cartões de crédito. Uma ideia
é digitalizar todos eles e mandar por e-mail para você mesmo. Se precisar, é só
ir numa lan house e imprimir.
2.
Cadeados
e travas para as motos; mesmo em garagens cobertas e fechadas, convém garantir.
3.
Chaves de
reserva das motos e das travas.
4.
Leve um
cartão com telefones e contatos de emergência e deixe sempre no seu bolso,
junto com seus documentos.
5.
Cartões
de visita (você vai conhecer muita gente durante a viagem) e adesivos (se
tiver).
6.
Dicionário
de bolso de espanhol (a língua está cheia de falsos cognatos; além disso, é um
jeito divertido de aprender mais).
7.
Um bom
guia de viagem (usamos os The Rough Guide of Argentina e Chile).
8.
Óleo e
filtros para a(s) troca(s), pois não é seguro que o tipo certo será encontrado
nas cidades de destino.
9.
Peças
básicas de reposição: cabo de embreagem, velas de ignição, fusíveis reserva,
lâmpadas de farol, freio/luz de presença e pisca.
10. Camburão de gasolina que garanta
uma autonomia de pelo menos 300 km para a sua moto. Algumas distâncias entre
postos chegam a isso mesmo, se você for para a região da Patagônia ou deserto
de Atacama.
11. Cartões de memória para sua
câmera fotográfica, pilhas adicionais e pen-drives para guardar fotos. Ah, e
não esqueça do cabo da sua máquina para transferir as fotos nas lan houses.
12. Jamais viaje sem muitos
pacotinhos de lenços de papel nos bolsos — você vai precisar o tempo todo.
Álcool gel e sabonete líquido em embalagem pequena também são bem úteis, pois
não é raro não ter nada para lavar as mãos nos postos de gasolina.
13. Não se esqueça de colocar um
chinelo Havaianas na mala. A gente nunca sabe onde vai pisar e está cheio de
pousadas com piso frio e sem tapetes.
14. Não se esqueça de levar um boné
ou chapéu. Já levei algumas “torradas” porque esqueci esse acessório
imprescindível em lugares onde, apesar de frio, o sol é de rachar.
Antes da viagem
1.
Revise
completamente as motos em um mecânico de sua inteira confiança e verifique se
os pneus irão sobreviver até o fim da viagem. Na dúvida, troque-os por novos.
Estude o manual e aprenda a fazer os procedimentos básicos (troca de óleo,
aperto de espelhos) em caso de necessidade.
2.
Faça um
exame médico completo para não ter surpresas desagradáveis bem no meio do nada.
3.
Visite
seu dentista para uma revisão. Ninguém consegue curtir férias com dor de dente.
4.
Mesmo
tendo feito check-up no médico e dentista, convém fazer um seguro viagem
(qualquer agência de turismo faz). Um dos nossos amigos precisou de um otorrino
em Copiapó, no meio do Atacama, e deu tudo certo.
Dinheiro
1.
Ao chegar
em uma cidade no feriado e não achar uma casa de câmbio aberta, procure um
Cassino (há pelo menos um nas cidades turísticas da Argentina e do Chile). Eles
sempre trocam dólares e a taxa não é ruim. Ótimo para emergências.
2.
Você pode
levar pesos, dólares ou reais, mas a moeda mais versátil ainda é o dólar. Os
pesos podem ser comprados no Brasil (é bom levar o suficiente para o primeiro
dia, principalmente se cruzar a fronteira num domingo ou feriado), mas a
vantagem do dólar é que, em geral, as taxas são melhores e todo mundo aceita.
Os reais podem ser trocados, mas apenas nas cidades maiores em casas de câmbio
(não conte com isso).
3.
Convém
levar cartões de crédito internacionais, mas nos últimos anos (2008/09/10)
muitos estabelecimentos na Argentina (inclusive postos de gasolina) têm se
recusado a aceitá-los (a inflação deles está em ritmo de crescimento). Então,
não conte apenas com eles.
4.
Em geral,
para estimar o custo da viagem, a gente usa uma fórmula que tem dado certo. É o
seguinte: calcule U$150/dia para um casal, para despesas de alimentação e
hospedagem. Depois, é só calcular a gasolina de acordo com a distância e
adicionar à conta. De moto não dá mesmo para fazer comprinhas...
Altitude
1.
Convém
não comer muito antes de atravessar os Pasos, a fim de evitar problemas com a
altitude (tem gente que sente náuseas e vomita). Uma dica que dá certo para nós
é a aclimatação. Passamos pelo menos 2 dias em cidades altas antes de fazer a
travessia.
2.
Há quem
mastigue folhas de coca ou tome o chá (vendido nas cidades). Dizem que atenua
os efeitos da altitude mas não sentimos diferença (além do mais, o gosto é
horroroso, parecido com chá de losna).
3.
Em caso
de dor de cabeça, um analgésico comum resolve.
Comunicação
1.
Para
ligar para o Brasil da Argentina: 0800 999 5500 (Telefonica) | 0800 555 5500
(Telecom) | 0800 9995501 (pré-pago).
2.
Para
ligar para o Brasil do Chile: 800 360220 (Entel) | 800 800272 (Telefonica).
3.
Tanto na
Argentina, como no Uruguai ou no Chile é muito fácil encontrar lan houses (eles
chamam de locutórios). Você vai ficar conectado mesmo que esteja no fim do
mundo.
4.
Alguns
celulares funcionam normalmente, mas a taxa de roaming é bem cara. A não ser em
emergências, prefira os locutórios.
5.
Se
estiverem com mais de uma moto ou carro, combinem um número no Brasil para
ligar, caso se percam. Assim, o primeiro que ligar diz onde está e o segundo
que liga fica sabendo e vai até lá. Já funcionou com o Conrado em uma ocasião
em que ele viajou com amigos.
Combustível
1.
Procure
abastecer quando o tanque chegar na metade. Desta forma, uma eventual gasolina
de baixa qualidade ou contaminada é diluída com a gasolina ainda remanescente
no tanque e o motor não fica prejudicado.
2.
Não se
engane: gasolina em espanhol é nafta. Se você ler a sigla gas, significa gasoil
(óleo diesel). Esse erro pode ser fatal para o motor...
Documentos
1.
Na Argentina,
Chile e Uruguai é necessário fazer a carta verde, que é um seguro contra
terceiros. Mesmo que não peçam na aduana (mas já vimos gente no Chile que não
conseguiu entrar na Argentina pela falta do documento), vão pedir com certeza
em qualquer blitz na estrada (e são muitas). Não é muito fácil achar quem faça
para motos, por isso sempre fazemos com a Magna Seguros, de Curitiba (magnaseguros@magnaseguros.com.br).
O preço varia com o número de dias em que você ficará fora do país.
2.
No começo
a gente fazia a carteira de motorista internacional, mas com o tempo vimos que
não era necessário. Eles aceitam a nossa em todo o Mercosul e no Chile também,
sem problemas.
3.
Já
ouvimos falar que os países do Mercosul aceitam a nossa carteira de identidade
nas aduanas, mas a gente sempre leva o passaporte, pois é mais garantido. Em
vez de ficar carregando papeizinhos, eles carimbam o documento e você ainda
guarda de lembrança.
4.
Se você
está levando câmeras fotográficas profissionais, lentes, filmadoras ou
equipamentos caros, convém declarar na Receita Federal brasileira quando sair
do país (vale para quem viaja de avião também). Você preenche um papel que
relaciona os equipamentos que estão saindo do país com você e eles carimbam a
saída. Se esquecer de fazer isso, você corre o risco deles acharem que você os
comprou durante a viagem e aí você tem que pagar impostos para trazê-los de
volta para casa. O Conrado quase perdeu uma câmera fotográfica assim. A Receita
Federal geralmente fica junto à aduana, no lado brasileiro da fronteira.
Roupas e equipamentos
1.
Compre o
melhor capacete que você puder — a qualidade da viagem vai depender muito dele.
2.
Leve
roupas de frio. A temperatura no ponto mais alto da Cordilheira pode chegar a
zero grau (mais o vento) mesmo no auge do verão. Nós usamos as feitas com os
tecidos especiais Thermopro e X-Power (fácil de achar em lojas de esportes de
aventura).
3.
Para
grandes distâncias, é mais confortável usar protetores auriculares para
suportar melhor o barulho da moto. Usamos o descartável da marca 3M.
4.
O ideal é
usar botas especiais, mas a gente usa botinas Timberland e elas têm aguentado
bem (além de serem menos desconfortáveis).
5.
Se o
banco da moto for muito duro, convém levar uma almofada. Ela pode ser presa com
extensores se você colocar ilhoses grandes nas laterais. Sem isso, ela cai cada
vez que você se levanta (já perdi uma assim). Há almofadas de ar (Air Hawk) são
ótimas, não vivo mais sem a minha.
6.
Uma boa
solução para roupas grossas do tipo X-Power que você não pode ficar lavando o
tempo todo, mas só tem uma peça, é virá-la do avesso e polvilhar um pouco de
talco (principalmente embaixo dos braços). Dá uma sobrevida até a próxima
lavada. Às vezes eu também uso uma segunda pele por baixo.
Mala das meninas
1.
Em
viagens mais longas, é mais confortável trocar as calcinhas por cuecas do tipo
boxer (aquelas que parecem um shortinho). Prefira as de algodão ou Supplex, que
deixam o corpo respirar.
2.
Evite
usar a calça de moto (aquelas especiais, com joelheira) direto no corpo, pois o
forro gruda e dificulta os movimentos, além de ser desconfortável. Coloque uma
calça legging por baixo (pode ser de Thermopro ou outro material respirável).
Se estiver calor, uma bermuda de microfibra já resolve.
3.
Distribua
seus cremes em potes pequenos e sempre coloque um saco plástico em volta.
Assim, se algum explodir, você não perde tudo e nem corre o risco de ter uma
crise de descontrole...
4.
Vá numa
loja de embalagens e compre saquinhos pequenos com fecho zip (é barato e eles
vendem aos centos). Servem para guardar algodão, elásticos de cabelo, grampos,
brincos e outras miudezas fáceis de se perder.
5.
Na
Argentina e no Chile eles vendem sachês de shampoo e condicionador em qualquer
posto de gasolina e é bem baratinho, de maneira que não vale a pena levar um
tubão de shampoo. Outra dica é comprar aqueles cremes de tratamento em sachês
que vendem por aqui (um pouco mais caros) e usar como condicionador. Se você
tem cabelos compridos, eles vão sofrer bastante na viagem e merecem o
investimento.
6.
Já que
você não vai poder levar muita roupa (no máximo mais uma calça para ir jantar e
algumas camisetas), leve muitos acessórios (brincos, colares e lenços), que não
ocupam espaço e evitam que você fique parecendo que acabou de cair de um avião
militar de ajuda humanitária.
7.
O bom dos
desertos é que o clima é seco e as coisas secam rapidinho durante a noite se
você colocar dentro de uma toalha e torcer bem. Sempre achei o fim lavar
calcinhas no chuveiro, mas em viagens assim a gente precisa se adaptar...
8.
Não se
esqueça de levar uma bolsa de tecido (é menos volumosa). É ruim e totalmente
deselegante sair para jantar com os bolsos cheios de bugigangas. Além disso,
ninguém pode correr o risco de perder a carteira.
9.
Tenha
sempre um protetor labial nos bolsos da sua jaqueta (eu prefiro as do tipo
parca, porque têm mais bolsos). Os lábios ressecam demais. Um bom hidratante
para a noite também é bem importante.